Melt-Banana -
Scratch or Stitch (1995 - Japão)
Faixas:
01) Plot in a Pot (1:19)
02) Scratch or Stitch (1:02)
03) Sick Zip Everywhere (1:51)
04) Disposable Weathercock (1:43)
05) Ten Dollars a Pile (0:59)
06) Ketchup-Mess (1:27)
07) Buzzer #P (1:46)
08) Rough Dogs Have Bumps (1:49)
09) Iguana in Trouble (2:21)
10) It's in the Pillcase (1:30)
11) Test: Ground 1 (0:30)
12) Zoo, No Vacancy (0:15)
13) A Finger to Hackle (0:22)
14) Type B for Me (0:09)
15) His Name Is Mickey (At Least She Got Him...) (0:21)
16) Back to the Womb (2:46)
17) I Hate It! (0:58)
18) What Do You Slaughter Next? (1:42)
19) Eye-Q Trader (1:48)
20) Dig Out! (2:23)
21) Contortion Out of Confusion (1:39)
22) Pigeon on My Eyes (Go to Bed!!!) (2:33)
Músicos:
Yasuko Onuki / vocais
Ichirou Agata / guitarra elétrica, efeitos eletrônicos
Rika mm' / baixo elétrico
Toshiaki Sudoh / bateria
Pouco mencionado aqui em nossas plagas, este insólito quarteto nipônico é sem dúvida uma das melhores formações do
noise rock nos últimos 20 anos. Formado em 1992 por estudantes do depto. de línguas estrangeiras da Universidade de Tóquio (Yasuko Onuki - vocais / Ichirou Agata - guitarra elétrica, efeitos / Rika mm' - baixo elétrico / Toshiaki Sudoh - bateria), o Melt-Banana existe até hoje, tendo a seu crédito uma discografia das mais interessantes, onde à emblemática
blitzkrieg sonora tão característica das vanguardas nipônicas acrescenta-se um notável senso de proporção estrutural.
Parte integrante do mesmo cenário de outros nomes célebres como Ruins e Boredoms, a banda notabilizou-se por sua singularmente criativa reinterpretação do hardcore, onde, à arquetípica velocidade do estilo, agregam-se a atmosfera caótica e fragmentária do
rock industrial e a quebradeira esquizóide da
no wave. Quem descreve à perfeição a coisa toda é o crítico norte-americano Dan Lett:
"
As the subway pulls into Shibuya on the Yamanote Line in Tokyo, nothing can prepare you for the sensory onslaught that awaits. Leaving the station via the Hachiko exit reveals a piercing overload of blinking neon, tennis court-sized media screens, and a relentless and chaotic surge of humanity through the streets that spiral dizzyingly off into the horizon. As a city gripped by paroxysms of furious activity, Tokyo seems to be a very reasonable home for the spasmodic, psychotic hardcore of Melt-Banana."
E é isso mesmo,
oh my brothers: Melt Banana é quiçá a melhor transfiguração sonora do rutilante caleidoscópio de imagens e sensações que caracteriza a contemporaneidade japonesa, espécie de 'bomba-relógio sonora' sempre prestes a explodir em velocidade
warp, metralhadora giratória disparando para todos os lados múltiplos projéteis de
noise concentrado. Merece especial referência a hipercinesia demencial da vocalista Yasuko Onuki, em fascinante contraste com sua eterna aparência de pvteenha
hentai; e também o genial Ichirou Agata, que converte sua guitarra numa espécie de sirene alienígena despejando rajadas sucessivas de fúria cauterizante. A 'cozinha', por seu turno, faz o que se espera de uma boa seção rítmica
hardcore: simplesmente impulsiona o frenesi melt-bananiano em
hyperspeed permanente, dando espaço para que Yasuko e Agata estraçalhem o ouvinte com seu 'teatro da crueldade' sônico.
A banda lançou infinitos singles,
ep's e
splits, além de, se não me falha a memória, uns 7 ou 8
full lenght. O melhor de sua produção corresponde aos anos entre 1994 e 2000, quando as características acima elencadas atingiram sua mais pura expressão formal; há que conferir especial relevo, contudo, ao segundo álbum dos camaradas: produzido, mixado e gravado por uma trinca de craques (KK. Null, Jim O'Rourke e Steve Albini),
Scratch or Stitch não apenas cai sobre o ouvinte como uma verdadeiro
ICBM de
sonic obliteration, mas também surpreende pela precisão cristalina com que tal engenharia do caos é registrada.
Como de resto ocorre em toda a produção discográfica da fase áurea do Melt-Banana, trata-se d'um álbum extremamente coeso, um bloco monolítico de insanidade sonora onde quiçá não caberia destacar esta ou aquela música; não obstante, contrariando a lógica adrede esposada, é mister ressaltar, em termos de pura truculência
schizo-core, peças como
Rough Dogs Have Bumps,
Buzzer #P,
Plot in a Pot,
Scratch or Stitch,
Iguana in Trouble,
Dig Out!,
Sick Zip Everywhere e
I Hate It!; na esfera dadaísta dos avantêsmicos microtemas
psycho-otaku in full effect,
Test: Ground 1,
Zoo,
No Vacancy,
Type B for Me e
Ten Dollars a Pile; e por fim, como OVNI's abstrusos e inclassificáveis,
Eye-Q Trader,
Back to the Womb e
His Name Is Mickey (At Least She Got Him...).
Em suma, egrégios confrades:
BANZAI!!!