1 – Corano
2 – Menestrelli
3 – Danae
4 – Bárbara
5 – 900
6 – Paris, Texas
7 – Fuga Semiótica
8 – Kindergarten
9 – Otto Spikin
10 – Il Castello
11 – La Bottega
12 – Belial
Nino Cotone – Violino e viola
Giuseppe Brancaccio – Fagote
Maximilian Brooks – Piano, teclados e vocais
Pietro Lusvardi – Contrabaixo
Jaime Castaneda – Bateria
Musicistas convidadas: Maryam Soumare-Dahan – Vocais; Irina Solinas – Cello
Quando falamos de progressivo italiano, logo nos lembramos daquela enxurrada de bandas que surgiram nos 70’s deslavadamente influenciadas pelos ingleses e que não raro lançavam apenas um disco em sua meteórica carreira. Mas se quisermos nos deleitar com o que melhor e mais criativo aquele país produziu, acredito que se nos atermos ao que os italianos gravaram fora da vertente sinfônica do progressivo estaremos bem melhor servidos.
O
Gatto Marte é “um quarteto italiano tocando composições originais influenciadas por música clássica e improvisações jazzísticas”, segundo o próprio site oficial da banda, e a grosso modo é isso mesmo – mas esta definição está bem longe de resumir sua tão peculiar sonoridade. O alicerce da sua música é a harmonia absolutamente impecável entre o piano, o violino e o fagote; é como se cada um estivesse improvisando deliberadamente e à parte dos outros músicos, mas de modo algum isso torna a música confusa ou difícil de entender. Em alguns momentos o clima é melancólico e sombrio, lembrando bandas mais conhecidas de
R.I.O. como Univers Zero e Art Zoyd; em outros momentos nos remete àquelas alegríssimas festas italianas regadas a litros de vinhos e música folclórica; e o resultado é uma perfeita trilha sonora de cinema mudo, que se encaixaria tanto em algum melodrama como em alguma comédia de Charles Chaplin.
Nesse disco de estréia, “Danae”, gravado em abril de 1997 (e considerado um dos melhores discos daquele ano), o
Gatto Marte produziu algo muito próximo do que conhecemos como “rock progressivo”, mas mesmo assim está muito além de qualquer rótulo ou definição; na verdade é mais uma estupenda singularidade da Música no seu sentido mais belo e agradável, uma legítima obra de arte com cacife para figurar entre as melhores de todos os tempos, que indubitavelmente agrada tanto apreciadores de música erudita quanto de vanguarda.