1 - To Defy the Laws of Tradition (6:42)
2 - Ground Hog's Day (4:58)
3 - Too Many Puppies (3:57)
4 - Mr. Knowitall (3:51)
5 - Frizzle Fry (6:04)
6 - John the Fisherman (3:37)
7 - You Can't Kill Michael Malloy (0:25)
8 - The Toys Go Winding Down (4:35)
9 - Pudding Time (4:08)
10 - Sathington Willoughby (0:24)
11 - Spegetti Western (5:43)
12 - Harold of the Rocks (6:17)
13 - To Defy (0:36)
Les Claypool – Vocais, baixo e banjo
Larry LaLonde – Violão e guitarra
Tim “Herb” Alexander – Bateria e mini-órgão
Todd Huth – Guitarra
Matthew Wingar – Mini-piano
Em se tratando de Rock ‘n’ Roll, existe uma tendência crítica inevitável: quanto mais recente uma banda é, mais difícil é para ela ser criativa e inovadora, por que quanto mais o tempo passa e mais e mais bandas lançam mais e mais discos, tudo que é gravado na seqüência acaba carregando consigo uma bagagem de influências, tornando possível, quase sempre, definir um lançamento novo comparando-o com algum outro lançado anteriormente; e essa é uma tendência que só tende a ficar mais forte com o passar do tempo...
Apesar disso, existem aquelas bandas que, apesar de não passar de uma amálgama das bandas preferidas dos seus integrantes, conseguem se sobressair no meio da multidão que adora urrar que “veio pra revolucionar o gênero”, e acredito que um dos melhores exemplos surgidos nos anos 90 é o power-trio norte americano
Primus. Liderada pelo irreverente baixista e vocalista Les Claypool, uma espécie de “Frank Zappa do baixo”, que se juntou ao guitarrista Larry Lalonde, oriundo do
Possessed, para formar uma obscura banda de
thrash chamada
Blind Illusion, que lançou um único disco (muito bom por sinal) no final dos anos 80 chamado “The Sane Asylum”. Mas foi quando o extraordinário baterista Tim “Herb” Alexander completou o power-trio que o bicho pegou! Já com o nome
Primus, soltam um discaço de estréia ao vivo, “Suck on This” (1988), que já dá um boa prévia do que viria. Dois anos depois, sai o primeiro petardo de estúdio, este
Frizzle Fry.
É muito cômodo dizer que os Primus são um Rush menos sério, mas essa está longe de ser uma definição justa; enquanto o trio canadense sempre beirou o
hard rock e o
pop progressivo, o Primus conseguiu trilhar caminhos que foram muito além do que qualquer rótulo poderia pretender incluir. A sincronia dos três músicos é absurdamente perfeita, baixo e bateria frouxos, mas ao mesmo tempo pesadões, e a guitarra de Lalonde dando o climão
heavy para contrapontear com o vocal sarcástico, bem humorado e às vezes meio feio e nasalado de Claypool; e o resultado final é um som diferente de tudo que já se gravou na História da música, graças à extrema competência e surpreendente criatividade de seus integrantes.
Considerar
Frizzle Fry como o que de melhor o
Primus fez vai depender do gosto do ouvinte, mas por se tratar do primeiro lançamento da banda, pode-se dizer que é o mais inventivo e influente de todos. Peso e precisão são dois elementos que não faltam em nenhuma das músicas, as esquisitices não soam exageradas em nenhum momento, por que são usadas não como um recurso, mas sim como parte da música, como se ela perdesse sentido se elas não estivessem lá. Claypool é um riffeiro extremamente criativo (ouça os riffs que ele criou para “To Defy the Laws of Tradition”, “The Toys Go Winding Down”, “Pudding Time” etc, e terá a certeza de que o cara sabe o que faz), sempre conseguindo tirar uma sonoridade diferente de seu instrumento; Lalonde consegue ir da leveza ao peso com uma facilidade impressionante (“em “Ground Hog’s Day” ele começa cheio de ginga para no final detonar tudo num
heavy poderosíssimo), e a bateria hipnótica e certeira de Alexander (ele quase rouba a cena em “Mr. Knowitall”, performance magnífica) é um
background impecável para essa piraceira toda. E as letras também merecem uma atenção especial: numa primeira audição elas podem soar meio confusas, mas com um pouco de insistência a mensagem que eles querem passar transparece; assim como as próprias músicas, que no começo podem parecer um pouco parecidas entre si, porém uma audição mais acurada revela que as composições são muito mais intrincadas do que se imaginara.
Depois desse muitíssimo bem sucedido
debut, a banda lançou mais três obras igualmente relevantes: “Sailing on the Seas of Cheese” (talvez o mais famoso disco dos caras), em 1991; “Pork Soda”, em 1993, e “Tales from the Punchbowl”, em 1995 - todos eles com cacife para figurar entre o que de melhor se produziu nos anos 90. A banda passou por um período de crise (mas ainda de muita competência) a partir de 1997, com a saída do baterista Tim Alexander e a conseqüente substituição - mas o retorno deste em 2003, para o lançamento do ótimo projeto “Animals Should Not Try to Act Like People” (um EP e um DVD), prova que esse excelente
power trio ainda tem, sim, muita lenha para queimar!