1. North Sea Oil (3:11)
2. Orion (3:58)
3. Home (2:45)
4. Dark Ages (9:14)
5. Warm Sporran (3:35)
6. Something's On The Move (4:27)
7. Old Ghosts (4:23)
8. Dun Ringill (2:42)
9. Flying Dutchman (7:45)
10. Elegy (3:34)
Ian Anderson - Flauta, violão, baixo e vocal
Martin Barre - Guitarra, mandolin,
classical guitar Barriemore Barlow - bateria e percussão
John Glascock - baixo nas músicas "Orion", "Flying Dutchman" e "Elegy" e vocal
John Evans - Piano e órgão
David Palmer - Sintetizadores, órgão portátil e arranjos de orquestra
O ano de 1979 não foi um dos mais frutíferos para o rock progressivo, e no caso do Jethro não foi diferente. Se na primeira metade dos 70's eles só lançaram obras primas, a segunda metade foi um periodo incerto e meio perdido. Pode-se dizer que esse "Stormwatch" foi seu último suspiro de inspiração, o canto do cisne da banda, que a partir daí só teve lançamentos de qualidade duvidosa.
Apesar de não ser um disco conceitual (as letras são realistas, mas não tratam necessariamente do mesmo tema), é notável o clima gelado e escuro que perpetra no decorrer das faixas. A flauta do Ian Anderson definitivamente não é a estrela principal, mas todos sabem a capacidade de criar belos riffs no intrumento do cara; a guitarra de Martin Barre não estava das mais inspiradas, mas ainda extremamente competente, roubando a cena várias vezes; e o que dizer do baixo de John Glascock, que lamentavelmente faleceu depois de uma cirurgia cardíaca durante as gravações do disco, sendo substituído pelo próprio Ian Anderson? Na minha opinião é o melhor baixista que já passou pelo Tull, a performance do cara nas três músicas que ele tocou nesse disco é perfeita, o seu intruemento soa pesadíssimo, sincronizado, preciso, empolgante, saturado, e o quebra galho do Ian Anderson é surpreendente, sem dúvida o baixo é a base de todas as músicas, junto com os arranjos de orquestra de David Palmer e do quarteto de cordas. Sem falar na bateria de Barriemore Barlow, como sempre excelente, esse entendia de progressivo!
Mas apesar da competência indiscutível desse
line up, falta inspiração nas composições e elas acabam soando meio cansativas e insossas, um tanto frias até - mas é exatamente aí que reside a personalidade do disco, tornando-o uma obra única na carreira da banda. E é notável a simetria entre as músicas do lado A com a do lado B, basicamente eles são assim: um rock n roll, um mini épico, uma balada, um épico e uma instrumental.
O disco abre com "North Sea Oil", construída em cima de um grandioso riff de guitarra, que se encaixa perfeitamente com a flauta, um dos momentos mais
rocker do album. "Orion" é uma balada épica com um belo refrão, mas é depois da bela "Home" que vem o verdadeiro épico: "Dark Ages". Essa sim uma autêntica grande música, forte, séria, com um clima de tempestade de gelo no pólo norte, com um refrão arrepiante, na minha opinião o grande momento do disco. A instrumental quase dançante "Warm Sporran" (ô nomezinho desgraçado) fecha o lado B.
"Something on the Move" é um rock n roll simples, mas intenso, daqueles bem característicos, que só o Jethro sabia fazer - com destaque para o empolgante riff de flauta. "Old Ghosts" é mais uma música séria, com uma bela letra, confiram. Depois da estranha (e excelente) balada "Dun Ringill" vem o grande épico do lado B, "Flying Dutchman", mas muito aquém do anterior "Dark Ages". Para encerrar, uma pequena e melancólica canção instrumental, "Elegy".
Colocar esse disco como um dos melhores do Jethro Tull pode ser exagero, mas se formos analisar tudo que veio depois vamos acabar considerando esse Stormwatch um ótimo disco, e realmente o é, basta ouvir descompromissadamente, sem comparar com as obras de arte do início da carreira da banda - apesar de que há aqui muitos elementos de discos anteriores, mas nem por isso é um disco derivativo. É , sim, um disco único na carreira dessa que foi uma das melhores bandas da história do rock progressivo, para constar na estante e de lá ser retirado quando der vontade de ouvir um disco denso, pesado e gelado.
She wores a black tiara...