Pearl Jam - Backspacer (EUA, 2009)
1 - Gonna See My Friend
2 - Got Some
3 - The Fixer
4 - Johnny Guitar
5 - Just Breathe
6 - Amongst the Waves
7 - Unthought Known
8 - Supersonic
9 - Speed of Sound
10 - Force of Nature
11 - The End
Jeff Ament – baixo
Matt Cameron – bateria e percussão
Stone Gossard – guitarras
Mike McCready – guitarras
Eddie Vedder – violão e vocais
A postura que o Pearl Jam procurou manter, nesses 19 anos de carreira, de banda anti-comercial, que se recusava a fazer clips para a MTV e shows em locais que tivessem ingressos vendidos pela Ticketmaster, tinha uma única razão de ser aparente: colocar os fãs em primeiro lugar. Porém, essa atitude carrega uma pequena contradição: eles são considerados hoje uma das bandas mais populares da última década do Século XX - e esse novo registro de estúdio só confirma esse título.
O sucesso arrebatador (e um pouco tardio) de seu disco de estréia, "Ten", de 1991, precedeu lançamentos que tentavam lidar com o sucesso da forma mais artística possível, e a banda foi se tornando cada vez mais prisioneira do seu próprio estilo; a preocupação em agradar os fãs estava acorrentando a criatividade da banda a um estilo que, apesar de estar a margem do
grunge, tinha uma característica própria, o que sem dúvida estava limitando a criatividade de seus músicos. Por isso, com o lançamento de "No Code", em 1996, como o próprio título denuncia, o Pearl Jam estava disposto a enxergar novos horizontes musicais que o afastavam de qualquer rótulo existente: eles estavam de certa forma anunciando que queriam experimentar. E foi o que eles fizeram, naquele e nos albuns seguintes, agregando elementos de
worldbeat,
art rock,
folk etc. às suas composições.
Eis então que, beirando os 20 anos de existência, a banda resolve fazer uma espécie de retorno ao som mais cru e direto do início de sua carreira, ainda mais longe do que conhecemos como
grunge. Mas essa nova guinada na carreira na verdade deve ser encarada como mais um esforço criativo de trazer novidades aos fãs, porque mesmo soando como um revival do som dos seus primeiros discos, na verdade o que temos nesse "Backspacer", como o próprio nome denuncia, é uma tentativa de "apagar" o passado e vislumbrar um novo início - o que se mostra impossível, afinal os registros anteriores estão aí, estabelecendo os parâmetros de cada época e gerando as inevitáveis comparações; Os botões de máquina de escrever na capa sutilmente nos dizem isso, já que o que está escrito no papel não pode ser apagado - esse recurso só tornou-se possível com as máquinas de escrever mais modernas e, mais recentemente, com os computadores.
Mas a verdade é que, apesar da intenção de num primeiro momento aparentar ser mais pop, o disco nova na verdade é um dos mais experimentais de sua carreira, não por incluir elementos criativos nas músicas, e sim experimentando uma nova maneira de dirigir a carreira da banda, mantendo suas características e ao mesmo tempo somando elementos nunca antes ouvidos. As músicas são curtas e com "pegada", estruturadas por
hooks e refrões grudentos; as guitarras estão pesadas e certeiras, e o vocal de Eddie Vedder não poderia estar mais perfeito. As letras talvez sejam o indício mais evidente desse experimentalismo disfarçado. O que temos no final é um conjunto de excelentes canções
rock 'n' roll, que oferece aos fãs o que eles, teoricamente, querem ouvir. Só o tempo dirá que eles foram bem sucedidos nessa empreitada...