Venerabilis Inceptor - Na barbearia

William of Ockham


Na Barbearia

Um belo dia apareceu na barbearia de Ockham um velho filósofo agostiniano, que ao fim do serviço disse, tranqüilamente, que não iria pagar. À reação estupefata do barbeiro, o freguês justificou-se:

- A Verdade não pode ser captada com os sentidos habituais de percepção. Só pela convicção íntima e pessoal propiciada pela Fé. Sendo assim, a sensação que eu tenho de que tu cortaste meu cabelo é falsa - não levo a menor fé em teu trabalho. Portanto, o corte não aconteceu, e não pagarei por ele.

Ockham, após pensar por pouquíssimos instantes (até nisso era unha-de-fome), afiou a navalha e, aproximando-a do rosto do freguês:

- Se a percepção pelos sentidos é falsa, posso tranqüilamente cortar tua orelha, pois tudo o que ouves é ilusório. Ou poderia, incontinente, extirpar-te o nariz, visto que o que o olfato te proporciona é falso. Ou mesmo teus olhos eu poderia arrancar fora, já que tua visão te passa registros irreais.

- Tanto faz - obtemperou o incrivelmente tranqüilo freguês, agora já nem tão tranqüilo assim. - Eu recorreria às autoridades em busca de reparação. Ignorantes como são, essas mesmas autoridades, não conhecendo os fundamentos escolásticos nem tampouco a essência abstrata da Verdade, dariam por muito reais as feridas que infligir-me-ias, e, além de prender-te, obrigar-te-iam a me ressarcir.

Ockham não viu outra saída. Encostou a navalha no pescoço do velhaco:

- Estás correto. Eu poderia também cortar-te a garganta e, uma vez morto, não terias como recorrer às autoridades. Eu enterrar-te-ia nos fundos de minha barbearia e, partindo do princípio que norteia nossa conversa, daria o caso por ilusório e nenhum remorso por homicídio abater-me-ia.

O freguês, agora nada tranqüilo e já suando frio, esperou alguns instantes, apalpou o embornal e saiu-se com uma admirável constatação filosófica:

- Presumo que aceites vale-ceia!...

MASTER DIXIT! OH, GLÓRIA! HOSANNAH NAS ALTURAS!!!

Non entendi o final, seriaum.

Cérbero escreveu:

Non entendi o final, seriaum.

É simples, Morricão: para Ockham, o entendimento humano logra distinguir com clareza entre entidades lingüísticas e entidades reais; ou, em outras palavras, entre o plano conceitual do discurso e os dados empíricos da realidade sensível; destarte, o que Ockham propugna é que não se deve atribuir, aos signos gráficos e fonéticos, necessários à descrição e comunicação, nenhuma outra função senão a de representação ou símbolo, cujo significado está em assinalar ou indicar realidades diversas dele. Ockham não aceita, portanto, que os chamados 'Universais', ou conceitos, possuam existência objetiva, sendo tão somente abstrações conceituais necessárias, num primeiro momento, à guisa de sistematização dos dados da realidade apreendidos pela experiência humana; e, num segundo momento, à transmissão deste conhecimento já ordenado e sistematizado.

Muito bem: o velho filósofo agostiniano, que na anedota encarna a perspectiva do realismo platônico, sustenta, ao contrário, que as entidades sensíveis são meros simulacros, 'sombras', dos Universais ou Arquétipos - estes sim eternos, imutáveis e incorruptíveis -, ou seja dos conceitos que designam os entes materiais,

Ora, sendo assim, se o agostiniano pode alegar que ps dados fornecidos pelos sentidos não raro nos enganam, e que só somente as idéias envolvem relações necessárias - isto é, contínuas e permanentes - , e que, destarte, o corte de cabelo feito por Ockham pode ser apenas uma ilusão sensorial, o franciscano inglês pode, por seu turno, replicar-lhe que um eventual assassinato do cliente, levando a perspectiva platonista às últimas conseqüências, é tão somente um simulacro, já que o corpo é efêmero, corruptível, mutável, ao passo que o espírito que o anima, este sim seria REAL, posto que eterno e imperecível.

esse dante é o clone mais chato de todos, vai tomar no cu carcamano do caralho

Do Contra escreveu:

esse dante é o clone mais chato de todos, vai tomar no cu carcamano do caralho

+1 x10000000000 Quase 40 bosts só no Contrl C. Santa papagaiada!

XMT, todo e qualquer post que tu fizer como 'dante' será, a partir de agora, sumariamente deletado por mim. FUCK DA WORLD!!!

O Dante não sou eu não o caralho, o meu unico clone aqui é o varg vikerness o qual até esqueci a senha, então conta pra zero.

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Explica essa Mister M.

Se forjou essa pinóia ae

Eu tambem poderia dizer o seguinte:

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TÃO DIFICIL FAZER ISSO NOSSA...............

Kamikaze escreveu:

Cérbero escreveu:

Non entendi o final, seriaum.

É simples, Morricão: para Ockham, o entendimento humano logra distinguir com clareza entre entidades lingüísticas e entidades reais; ou, em outras palavras, entre o plano conceitual do discurso e os dados empíricos da realidade sensível; destarte, o que Ockham propugna é que não se deve atribuir, aos signos gráficos e fonéticos, necessários à descrição e comunicação, nenhuma outra função senão a de representação ou símbolo, cujo significado está em assinalar ou indicar realidades diversas dele. Ockham não aceita, portanto, que os chamados 'Universais', ou conceitos, possuam existência objetiva, sendo tão somente abstrações conceituais necessárias, num primeiro momento, à guisa de sistematização dos dados da realidade apreendidos pela experiência humana; e, num segundo momento, à transmissão deste conhecimento já ordenado e sistematizado.

Muito bem: o velho filósofo agostiniano, que na anedota encarna a perspectiva do realismo platônico, sustenta, ao contrário, que as entidades sensíveis são meros simulacros, 'sombras', dos Universais ou Arquétipos - estes sim eternos, imutáveis e incorruptíveis -, ou seja dos conceitos que designam os entes materiais,

Ora, sendo assim, se o agostiniano pode alegar que ps dados fornecidos pelos sentidos não raro nos enganam, e que só somente as idéias envolvem relações necessárias - isto é, contínuas e permanentes - , e que, destarte, o corte de cabelo feito por Ockham pode ser apenas uma ilusão sensorial, o franciscano inglês pode, por seu turno, replicar-lhe que um eventual assassinato do cliente, levando a perspectiva platonista às últimas conseqüências, é tão somente um simulacro, já que o corpo é efêmero, corruptível, mutável, ao passo que o espírito que o anima, este sim seria REAL, posto que eterno e imperecível.

Isso eu entendi. Só não entendi mesmo a última frase e o que ela quer dizer como desfecho:

Citação :

- Presumo que aceites vale-ceia!...

Significa que o cliente vai pagar com um vale-ceia?

Abra o olho, confrade XMT, esse dante canalha e safado deve estar usando o teu computador.

XMT, eu tirei uma porra dum print-screen, mas minha internet tá uma merda e eu não to conseguindo upar. Para de viadagem.

Lionel Richie escreveu:

Para de viadagem.

X 1000000000, ou pelo menos seja homem e assuma as viadagens que faz!

Aviso aos navegantes: aqui não é Saunagayzer nem Hommogumma não... aqui todos se odeiam mutuamente na maior cordialidade e, dada a alta incidência de sociopatas, não há como cobrar procedimentos 'sensatos'. Já dizia o venerando Carl Schmitt: "Soberano é aquele que decide sobre a exceção". Portanto... 'vampará' com essa galinhagem, e fim de papo.

Ou em outras palavras, ninguém aqui pode fazer galinhagem ou putaria, só o soberano.

"O soberano é exceção".

Se o xmt parar de floodar, eu estou de boa com o mundo.