Neste que é sem dúvida o relançamento do ano, a Southern Lord colocou em circulação novamente este verdadeiro
grimoire iniciático
of all things DOOOOOM. E se a primeira versão do álbum, lançada em 1998, apenas compilava faixas dos
ep's Towers... e
Rift.Canyon.Dreams (originalmente lançados em 1996 e 1997), a presente versão apresenta o legado completo do Burning Witch em toda a sua ominosa e insana glória, abrangendo inclusive as faixas lançadas em
splits com as bandas Goatsnake e ASVA.
Burning Witch não apenas encarna como ninguém a catatonia obliterante que caracteriza a essência primordial do
extreme doom, mas também transfigura a malevolência satânica do
black metal old school norueguês mormente através do estilo empregue nos vocais. Trata-se, com efeito, d'uma sonoridade tortuosa e torturante, prenhe de guitarras agônicas em explosões de microfonia, baixos abissais e ritmos que se arrastam como um brontossauro ferido, gerando no ouvinte uma esmagadora atmosfera de opressão e danação. Ao contrário das bandas que ulteriormente emergiriam de suas cinzas (tais como como Sunn O))), Khanate e Teeth of Lions Rule the Divine), excessivamente obcecadas por um não raro frouxo e estéril universo sonoro
ambient noise, o BW não indulge um segundo sequer em pseudovanguardices tolas: é metalurgia inclemente do início ao filme, soterrando o ouvinte sob toneladas de
doom luciferino pós-sabbathico; ou, como diria
mastáh Julian Cope,
"doom in all its barbarian splendour, doom at its most finely drawn, doom not as death but doom as judgement".
Enfim, um verdadeiro
SANTO GRAAL para os apreciadores de
metal extremo, mil milhas adiante não apenas da absurdamente hiperdimensionada 'santíssima trindade' do
doom (My Dying Bride, Anathema, Paradise Lost) mas se calhar de qq outra coisa registrada no estilo.