Glenn Branca

Sem dúvida uma das figuras constelares no âmbito da música de vanguarda nos últimos 50 anos, Glenn Branca sem dúvida alguma merece um tópico no F.O.R.O.

A trajetória do compositor teve início no fértil e irrequieto cenário da vanguarda multimídia novaiorquina dos anos 70. Em 1976, Branca cria, com Jeffrey Lohn, suas primeiras bandas, as formações no wave Theoretical Girls e The Static. Ambas enveredavam por uma estética relativamente análoga a de outros grupos da cena (DNA, Mars, Teenage Jesus and The Jerks, Don King), ou seja, a incorporação de elementos do minimalismo (Reich, Glass, Rilley) e da drone music (La Monte Young, Tony Conrad) ao nascente punk rock; são já notáveis, todavia, as inusitadas afinações de guitarras, as texturas microtonais e a hipnótica massa sonora gerada pela superposição de diversas camadas de guitarras, características que se tornariam emblemáticas do trabalho do compositor. Em 1981, lança sua primeira obra-prima, o álbum The Ascension, onde o escopo sinfônico, ainda que para um ensemble pequeno (4 guitarras elétricas, baixo elétrico e bateria), já se faz plenamente presente: são peças sobremaneira hipnóticas, que fluem em espiral por movimentos cada vez mais obsessivos e inquietantes. Nos anos seguintes, Branca aperfeiçoaria esse formato, compondo sinfonias para conjuntos cada vez maiores (vale mencionar, diga-se de passagem, que figuras notórias do rock contemporâneo, como a dupla de guitarristas do SY - Lee Ranaldo e Thurston Moore - iniciaram-se na vida artística justamente com Branca). São obras monumentais e extremamente ambiciosas, onde o artista explora não só os páramos mais abstrusos da música ocidental contemporânea, mas também agrega elementos da música balinesa e indonésia.

Assistindo, em 1981, à apresentação de uma das composiçõees de nosso herói (Indeterminate Activity of Resultant Masses), o já célebre John Cage classificou a música de Branca como 'fascista' e 'histérica': "I found in myself a willingness to connect the music with evil and with power...If it were something political, it would resemble fascism". De certa maneira, é uma observação procedente, pois a música 'branquiana' evolui através de uma série de crescendi ameaçadores, sem desenlace ou catarse, de modo a transfigurar uma contínua sensação de inquietação e tensão progressiva; não obstante, longe de ser um traço derrogatório, trata-se, creio eu, de algo que corrobora para tornar a música de Branca ainda mais fascinante

A partir de 1989, marcando uma guinada em sua obra, o compositor passa também a trabalhar com orquestração sinfônica tradicional, mas sem abandonar suas nuvens radioativas de clusters guitarrísticos. Destacam-se em seu opus, a meu ver, as seguintes peças:

Bad Smells - 1980
Dissonance - 1980
The Ascension - 1981
Symphony #1: Tonal Plexus - 1982
Symphony #2: The Peak of the Sacred - 1983
Symphony #3: Gloria - 1983
Symphony #5: Describing Planes Of An Expanding Hypersphere - 1984
Symphony #9: L'eve Future - 1995

Por fim, eis aqui o quarto movimento de uma das mais recentes composições de Branca, a Symphony #13: Hallucination City, executada pela orquestra sinfônica de St. Louis sob regência de John Myers (só imaginem o que deve ser ouvir isso ao vivo!):

Um gênio da música moderna mess. Dos álbuns citados eu ouvi até a Sinfonia #3 (Gloria), e por enquanto ele não me decepcionou. Dos compositores minimalistas os que mais tem me chamado a atenção mesmo são o Branca e o Reich.

Veja o vídeo que linkei, dude, sobretudo o momento em que a orquestra de guitarras, após gerar um verdadeiro maremoto de microfonia, para subitamente... é algo indescritível.

Sensacionáv mesmo, quem teve a oportunidade de assistir isso ao vivo deve ter saído de lá muito feliz (e um tanto surdo).

SENSACIONÁV mess, pqp

Só conheço o The Ascension, e é sensacional

leobarbosa escreveu:

Só conheço o The Ascension, e é sensacional

+1, uma das coisas mais estranhas que eu já ouvi, tão pesado que chega a ser perturbador!

Prodigio escreveu:

leobarbosa escreveu:

Só conheço o The Ascension, e é sensacional

+1, uma das coisas mais estranhas que eu já ouvi, tão pesado que chega a ser perturbador!

Tô ouvindo o Lesson No. 1 e achei melhor ainda que o The Ascension. Mais pesado, mais caótico, mais obsessivo

Procurem conhecer tb algumas das sinfonias de Branca.