Geronimo -
Ger on i m o (2007 - EUA)
Faixas:
1) Firewater (18:12)
2) Headdress (02:02)
3) Coyote (05:19)
4) Spiritwalker (12:17)
5) Medicine Man (02:21)
6) Facepeeler (06:50)
7) Prints Tie (08:28)
Músicos:
Nelson / vocais, dispositivos electrônicos
Francoso / baixo elétrico
Ruiz / percussão
Músicos convidados:
Sandor GF / saxofone
Pete Majors / programação eletrônica
David Yow / vocais
O bramir sinistro d'uma siderúrgica envolta em brumas de resíduos industriais; a 'zona' interdita de
Stalker percorrida por legiões de espectros abissais; a aura tenebrosa de Alesteir Crowley em projeção holográfica pairando entre hordas de demônios alados,
666 RA-HOOR-KHUIT MPH ARSL GAIOL RAAGIOSL BATAIVAH BAPHOMET OIP TEAA PDOCE AEDLPRNA HERU-RA-HAHA IO IO IO IAO KYRIE ABRASAX, AGAPH, QELHMA ANKH-AF-NA-KHONSU BAHLASTI MEITHRAS, KYRIE PHALLE! Eis as atmosferas evocadas por essa singular banda de Los Angeles, que estreou em disco no final de 2007, com o lançamento de álbum homônimo pela gravadora Three.One.G; a exemplo dos franceses do Aluk Todolo, a formação californiana opera uma explosiva fusão entre eletrônica paranóide em curto-circuito, atmosferas ominosas
black / doom metal, truculência indústrialista, minimalismo obsessivo e catatonia
ambient.
Formado por integrantes egressos de grupos
power electronics como Man Is The Bastard e Sleestak, Geronimo é uma colossal usina de força a serviço da desconstrução rítmica sistemática e inclemente; com efeito, os 18 aterradores minutos de
Firewater à partida estabelecem uma incontornável linha de demarcação: ou o ouvinte consegue atravessá-los, mais ou menos incólume, ou fica pelo caminho estraçalhado pelas massacrantes engrenagens sônicas colocadas em movimento pelos camaradas. A faixa abre com um ruído cavo de pulsação cardíaca, que todavia logo cede espaço a uma inquietante progressão de ruídos eletrônicos , como que gerados por um
H.A.L 9000 em disfunção operacional
techno-psycho killer full mode ON, até explodir, aos 8 minutos, num turbilhão de urros inumanos. O que era monomania metronômica se converte então em ominosa geometria de rumores analógicos e digitais, entremeando-se em seqüências aleatórias de caos sonoro a reverberar através dos vazes intersticiais de uma sombria
sonic 'no man’s land'.
Headdress,
Coyote e
Medicine Man são brutais exercícios de hipnose rítmica, atravessados continuamente por uma miríade de clangores industriais e vozes agônicas; os 12 minutos de
Spiritwalker retomam a propulsão maníaca da aterradora peça de abertura, desta feita num registro mais minimalista e em compasso de
ambient noise;
Facepeeler, por seu turno, é quiçá a faixa mais insólita do álbum, uma espécie de
punk rock marciano em mutação '
cyberdoom' de Alpha Centauri, envenenado pela insanidade vocal de David Yow (ex-Scracth Acid e Jesus Lizard); e após 47 minutos de implacável massacre sonoro, a banda surpreende com
Prints Tie, climático
cover para uma composição do
jazzman Bobby Hutcherson, curiosamente remetendo às atmosferas reverberantes do antológico
Bitches Brew.
Enfim, confrades: trata-se d’um álbum deveras original e fascinante, representando mais uma das 'frentes de combate' através das quais a colisão entre peso e eletrônica permanece reinventando o
avant rock.