Gentle Giant – Playing the Fool (Inglaterra, 1977)
1 – Just the Same
2 – Proclamation
3 – On Reflection
4 – Excerpts from “Octopus”
5 – Funny Ways
6 – The Runaway
7 – Experience
8 – So Sincere
9 – Free Hand
10 – Sweet Georgia Brown (Breakdown in Brussels)
11 – Peel the Paint / I Lost My Head
Garry Green - guitarra elétrica, violão, viola de 12 cordas, flauta doce, vocais e percussão
Kerry Minnear – teclados, cello, viber, flauta doce, vocais e percussão
Derek Shulman – vocais, sax, flauta doce, baixo e percussão
Ray Shulman – baixo, violino, violão, flauta doce, trompete, vocais e percussão
John Weathers – bateria, vibes, tamborim, vocais e percussão
1977 foi um ano decisivo para o
rock n roll de um modo geral, mas muito mais importante para o
Gentle Giant: os megaconcertos das megabandas de progressivo já tinham “dado tudo que tinham que dar”, e o punk engatinhava mas já se mostrava um gênero que chegou pra revolucionar, sendo um pesadelo para os monstros sagrados da época como Yes, Genesis, Emerson, Lake & Palmer e etc. Mas para a banda dos Irmãos Shulman, formada no final dos anos 60, a partir do grupo de
soul rock Simon Dupree and the Big Sound, o negócio estava particularmente complicado. Além da falta de público para o intrincado e experimental som que eles faziam, havia uma questão mais complicada: a falta de criatividade. O disco que deu origem a turnê, Interview, é considerado pelos próprios músicos o início do fim – mas que rendeu uma série espetacular de shows, no final de 1976, com performances memoráveis perfeitamente bem executadas, bem gravadas e lançadas nesse excelente disco ao vivo, que pode ser considerado o canto do cisne dessa extraordinária banda.
O disco abre com dois petardos, “
Just the Same” e “
Proclamation”, faixas de abertura dos dois discos anteriores ao Interview, e que quebram o gelo de uma forma ainda não tão experimental, porém bastante certeira; mas é com “
On Reflection” que eles mostram por que são considerados os músicos mais criativos que o rock progressivo já produziu em sua história. Mesmo com algumas mudanças no arranjo que a tornam um pouco mais simples do que a original de estúdio, a simetria dos instrumentos e a harmonia dos vocais impressionam. E como eles já tiram de letra as constantes mudanças de ritmo e melodia no meio de cada música, resolvem fazer um apanhado dos trechos mais importantes de um de seus melhores discos, Octopus, de 1972. “
Funny Ways”, do disco de estréia, é o momento mais bucólico do show, com um longo (mas nada entediante) solo de xilofone. “
The Runaway/Experience”, do disco In a Glass House, é o momento do guitarrista Gary Green mostrar que não fica devendo nada em talento para os irmãos Shulman, aliando peso e técnica de uma forma muito particular. “
So Sincere” troca o refrão fácil da versão de estúdio por um intricado refrão de guitarra, seguido pelo ótima “
Free Hand”, faixa título do disco de maior sucesso nos EUA. E, apesar de ser a turnê do Interview, o disco é praticamente esquecido nesse registro, sendo lembrado apenas no final do “bis”, que junta duas das músicas com o vocal mais agressivo já feito por Derek Shulman até então: “
Peel the Paint” e “
I Lost My Head”.
O que se seguiu a esse disco era previsível: a banda foi ficando cada vez menos experimental e mais comercial, e em 1980 o fim do grupo é anunciado – depois de uma década de trabalhos incessantes, melodias extremamente criativas e letras filosóficas, que foram mais do que suficientes para incluí-los no seleto rol das melhores bandas dos anos 70 – fato comprovado e certificado ao se ouvir esse que é não só o seu melhor disco ao vivo, mas um dos melhores discos ao vivo já gravados.
Hear the Giant!!!