1. The Suburbs
2. Ready to Start
3. Modern Man
4. Rococo
5. Empty Room
6. City with No Children
7. Half Light I
8. Half Light II (No Celebration)
9. Suburban War
10. Month of May
11. Wasted Hours
12. Deep Blue
13. We Used to Wait
14. Sprawl I (Flatland)
15. Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)
16. The Suburbs (Continued)
Em 1980, Bruce Springsteen lançou o disco duplo The River. A carreira do THE BOSS estava num momento delicado. Após o sucesso do Born to Run, ele gravou o Darkness on the Edge of Town, um álbum mais sombrio e pesado. Na época do The River, existia alguma espécie bizarra de pressão pra ele tomar o posto de melhor compositor do mundo. Sim, eu sei, o jornalismo musical tende a ser uma bosta. Mas ao invés disso, Bruce lançou só um disco, nada mais que isso. Ele deu as costas pra noção de ser o maior do mundo, e aparentemente aceitou ser só mais um no mundo. The River é só um disco, não tem nada muito grandioso, não tem maiores pretensões, é só um magrão explorando seu talento, seguindo sua musa e só tocando suas composições.
O Arcade Fire fez algo muito parecido com o The Suburbs. Depois do maravilhoso Funeral, e do meio boiola mas igualmente maravilhoso Neon Bible, o Arcade Fire se viu na posição de melhor banda do mundo. A salvação do rock. Essas porras. E o que eles fizeram? Mandaram tudo se fuder e gravaram um disco simples, sem maiores patifarias. Se o Funeral era excessivamente romântico, e o Neon Bible era o inevitavelmente apocalíptico, o The Suburbs é o guri que passa a tarde toda jogando video-game, completamente alheio a qualquer milagre que possa estar acontecendo na esquina.
Claro que o disco tem um conceito, mas eu não vou entrar muito nisso. O lance da banda é que os conceitos deles parecem ser muito escancarados, como se eles ficassem na nossa frente gritando "É ISSO QUE EU QUERO DIZER, PORRA!". Pegue a "Rococo", por exemplo. Eu instantaneamente associo ela com alguns amigos meus, o hipster que acha que até a porra do seu twitter é um veículo de formação de opinião. É um alvo fácil demais, essas pessoas praticamente se esculhambam sem necessidade de ajuda, mas ainda assim funciona porque é tão absurdamente direto que acaba sendo visceral.
Se o The River mostrava todo o talento do Bruce Springsteen como compositor, o Suburbs faz exatamente a mesma coisa com o Win Butler. O Butler aparentemente CAGA melodias bonitas, e os arranjos são tão caprichados que em algumas não dá pra entender como não existia antes. E ele aparentemente parou de soltar a franga cantando, o que é uma pena, porque os berros deles eram uma das melhores coisas da banda. Nesse disco, ele soa cansado o tempo todo, o que não é uma boa a menos que tu seja o Jeff Tweedy. Mas o legal do Win é como ele consegue soar totalmente depressivo, até caindo na breguice bastante, sem partir pra autoparódia.
O grande destaque do Suburbs TEM QUE ser a faixa-título. Lembrando algo do Aladdin Sane, são os melhores 5 minutos da carreira da banda, tirando a "Power's Out" que não pode ser comparada com nada. A letra é mais triste que qualquer coisa do Neon Bible, e funciona bem melhor também. Outro destaque do disco é a "Suburban Wars", que tem o riff mais gostoso da vida. O resto se mistura um pouco, mas é uma mistura boa, leve na acetona.
Pra concluir, não é o grande disco do ano. Não é a melhor coisa da carreira da banda. Não é um treco único que vai mudar a vida de qualquer um. Não é melhor que bater punheta. Não é inovador. Não é porra nenhuma, é só um álbum, e sua força está exatamente nessa simplicidade.