X -
Wild Gift (1981 - EUA)
Faixas:
1) The Once Over Twice – 2:31
2) We're Desperate – 2:00
3) Adult Books – 3:19
4) Universal Corner – 4:33
5) I'm Coming Over – 1:14
6) It's Who You Know – 2:17
7) In This House That I Call Home – 3:34
8) Some Other Time – 2:17
9) White Girl – 3:27
10) Beyond and Back – 2:49
11) Back 2 the Base – 1:33
12) When Our Love Passed Out on the Couch – 1:57
13) Year 1 – 1:31
Bonus tracks:
1) Beyond and Back (
Live) – 2:48
2) Blue Spark (
Demo) – 2:04
3) We're Desperate (
Single version) – 2:01
4) Back 2 the Base (
Live) – 1:40
5) Heater (
Rehearsal) – 2:32
6) White Girl (
Single mix) – 3:29
7) The Once Over Twice (
Unissued single mix) – 2:35
Músicos:
Exene Cervenka / vocais
John Doe / baixo elétrico, vocais
Billy Zoom / guitarra elétrica
D.J. Bonebrake / bateria
Em termos puramente 'passionais', os angelenos do X continuam a ser uma de minhas bandas prediletas até hoje. Quiçá em função da intensa voltagem emocional gerada pelos duetos vocais entre Exene Cervenka e John Doe, no mesmo plano de deslumbramento dos memoráveis Grace Slick / Marty Balin; talvez então pelo facto de a banda ser uma espécie de síntese magistral de várias tradições musicais norte-americanas, fundindo
rockabilly,
rock de garagem,
folk e
country music com o nascente
punk rock; ou porventura pela simplicidade perfeita e cristalina do interplay entre a 'cozinha' segura e vigorosa de Doe e D.J. Bonebrake e o uivo seco da hipercinética guitarra de Billy Zoom, que chegou a tocar na última formação a acompanhar o mítico Gene Vincent. Seja como for, o que importa é que se trata de uma TREMENDA banda de
rock'n'roll, cujo fascínio imamente, de todo indiferente ao desgaste do tempo, só faz aumentar a cada ano que passa.
Mesmo sem desfrutar de grande repercussão midiática, ou de um sucesso de vendas expressivo, o X transformou-se em figura icônica da cultura popular estadunidense, justamente por sua capacidade em sintetizar diferentes tradições e linguagens através de uma visão única, espécie de encruzilhada ideal onde o
rock'n'roll atinge uma alquimia perfeita. Ademais, liricamente falando, a banda logrou um nível de realização raras vezes alcançado no underground americano: no começo, a temática das letras de Exene e John concentrava-se mais em aspectos confessionais, verbalizando
spleen desesperado e desorientação existencial com verve poética e elegância ímpar; posteriormente, a dupla abordaria questões políticas sociais de uma maneira sensível e incisiva, sem jamais recair em panfletarismos rasteiros.
O álbum em tela, o segundo de sua carreira, representa um ponto de inflexão na carreira sa banda: se em
Los Angeles (1980), a banda lança os fundamentos de um
punk rock que estrategicamente se abre para a tradição, conferindo profundidade de campo e capilaridade histórica a uma sonoridade então em voga, em
Wild Gift, o X revela-se atemporal, a um só tempo clássico e contemporâneo, revelando as marcas do tempo e, ainda assim, sendo extremamente atual; assim sendo, o que temos é um assombroso desfile de imaculadas fusões, onde idiomas distintos convivem como se estivessem conjugados desde o berço: desvario
punkabilly em
Beyond and Back,
Back 2 the Base ,
Year 1,
I'm Coming Over; lirismo
punk/folk em
Adult Books,
White Girl,
Some Other Time; frenesi
country/punk em
In This House That I Call Home,
It's Who You Know,
The Once Over Twice;
hard rock tingido de
punk em
Universal Corner, etc.
Esse profícuo diálogo com o passado não cessaria, contudo, neste álbum, assumindo novos horizontes e ambições em pérolas como
Under The Big Black Sun e
More Fun In The New World; não obstante, talvez haja sido em
Wild Gift que tais exercícios de síntese tenham atingido atingido máxima perfeição, transfigurando o presente no espelho do passado, e transformando o passado em imagem do presente.
Insomma, confrades: um DISCAÇO!