Univers Zero – Heresie. Bélgica 1979

Univers Zero - Heresie. Bélgica 1979.



Músicos:

Michel Berckmans: Fagote, Oboe.
Daniel Denis: Bateria, Percussão
Patrick Hanappier: Violino, Viola.
Roger Trigaux: Guitarra, Piano, Orgão, Harmonium
Guy Segers: Baixo, Voz

Faixas:

1. La Faulx (25:18)
2. Jack the Ripper (13:29)
3. Vous le Saurez en Temps Voulu (12:56)

Subgênero: R.I.O

O Univers Zero é uma banda belga vastamente cultuada pelos fãs de Rock Progressivo de vanguarda, sendo freqüentemente indicada como uma das melhores bandas do gênero. Diferentemente do jazzístico Henry Cow (apontado como a representante máxima do gênero R.I.O), o Univers Zero nos brinda com uma sonoridade mais calcada na música erudita, sendo este um motivo para também ser incluído como um representante do Progressivo neo-clássico.

Falar sobre o Univers Zero é antes de tudo respirar fundo, para depois, por fim, submergir em um mundo mal-assombrado por fantasmas do passado. Descer a um abismo escuro onde você pode encontrar uma saída, mas isso não lhe garante que você esteja indo para um lugar melhor.

Em seu segundo álbum, Heresie, de 1979, essa atmosfera completamente cinzenta e conturbada é levada ao extremo. O competente instrumental serve de tapete para transpor barreiras entre o animal e racional. As músicas em sua maioria fazem o uso sem dó de violino e fagote, sendo esses sustentados por um sólido ritmo das percussões e poderosas intervenções de harmonium.

O presente álbum se mostra um complexo e conturbado trabalho com forte inspiração na música erudita do início do século XX: coeso e bastante climático, traz uma atmosfera perturbadora e envolvente.

Isso foi aproveitado em pouco mais de 50 minutos de duração e 3 grandes faixas. A gigantesca La Faulx é, quem sabe, não só a melhor faixa desse álbum, mas da banda. Seu andamento é cadenciado, com bastante percussão e grandes passagens de fagote e violino. A música tem provavelmente a melhor passagem do álbum: um recital sinistro sustentado por um tenso harmonium nos primeiros 8 minutos de música. Já em Jack The Ripper, a segunda faixa, é exatamente o contrário, os temas evoluem facilmente, a música flui com extrema agilidade, continuando o clima de tensão, que é fortemente representado aqui. A música nos 3 últimos minutos guarda uma explosão sonora que culmina no seu final. Para Vous le Saurez en Temps Voulu, nada resta a não ser concluir o álbum de uma maneira mais discreta, menos sombria, porém com potencial e classe. Um enceramento digno para um excelente álbum.

Uma pérola em forma de álbum. Parada obrigatória para qualquer fã de progressivo. E se você principalmente quer ouvir coisas diferentes com grande destaque para experimentalismos e quebra de padrões, este é o disco certo.

Um álbum até hoje IMPRESSIONANTE, não há como negar.

Soberbo!

É, pérola do avant... e também da música em geral.

Foda bagarai

Quando eu conheci esse disco lembro que ele não me agradou muito por que achei muito clima pra pouca música, me soou como um Frank Zappa sério... Ele está há anos no meu HD e nunca recebeu a atenção necessária, mas acho que se eu ouví-lo agora vou ter uma opinião diferente...

Em tempo: excelente essa resenha, sucinta e bem escrita, parabéns XMT!!!

Não deixe de revisitar o álbum, Prodígio, pois realmente é um clássico.

Em tempo: o Archives já apareceu na net?

Pergunta pro xmt que ele deve saber :uz:

Procurei o novo álbum. Por enquanto ainda não vazou não confrades.

Sobre o Heresie: É um colosso, não resta dúvidas, um dos melhores discos europeus dos anos 70. Agora eu sempre me perguntei porque eles decidiram transformar o tema mais fraco do álbum na música mais longa. Não que 'La Faulx' seja ruim, passa longe, mas as outras duas composições são bem melhores.

No Heresie a La Faulx é o grande tema, não só do álbum mas como da banda como um todo pelo menos pra mim. E nesse álbum La Faulx e Jack the Ripper estão rigorosamente empatadas como músicas fodas. A inferior, mesmo sendo foderosa é a Vous le Saurez en Temps Voulu.

Não deixem de ouvir a estraçalhante versão ao vivo de La Faulx lançada como bonus track na reedição de 1313 em 2008: é deveras superior à versão de estúdio.

Cara fiquei puto da cara, mas não consegui essa versão. Se tem ela por ae confrade?

Tenho sim, vou upar pro pessoal.

Isso deve ser uma manifestção realmente espectral do UZ cara. Passa pra mim via MP, to no aguardo

Grande disco!!!!.

Sem dúvida nenhuma, um dos melhores e mais surpreendentes álbuns de todos os tempos!

Eu ainda considero 1313 mais impressionante, em virtude da estética absolutamente pioneira que encarnou à época, mas em termos puramente musicais, Heresie de facto é mais imponente e arrebatador.

Esse Heresie é o único disco que, quando coloco pra ouvir aqui em casa, todo mundo corre. Minha esposa o detesta, ela tem pavor dele

Apresente então à sua esposa o álbum Les Morts Vont Vite, do Shub Niggurath... ela vai 'adorar'...

Kamikaze escreveu:

1313 mais impressionante, em virtude da estética absolutamente pioneira que encarnou à época

Sim o pioneirismo do 1313 é descomunal mesmo. Ronde é uma das melhores músicas da banda essa álbum merece ser lembrado.

Kamikaze escreveu:

mas em termos puramente musicais, Heresie de facto é mais imponente e arrebatador.

Ai que tá, acrescenta ai aterrador, que se descobre o porque do mito encima do antológico segundo disco do UZ. Mesmo sendo o debut tão sensacional quanto.

Ummagumma_666 escreveu:

Esse Heresie é o único disco que, quando coloco pra ouvir aqui em casa, todo mundo corre. Minha esposa o detesta, ela tem pavor dele

Essas bandas do R.I.O provoca esse tipo de reação nos desavisados. Triste mais normal. O ideial seria uma namorada que curtisse, mas isso é praticamente impossivel. hehehe

Kamikaze escreveu:

Apresente então à sua esposa o álbum Les Morts Vont Vite, do Shub Niggurath... ela vai 'adorar'...

Hehehe, isso é barra pesada mesmo. Muitas vezes eu já ouvi no carro.