1. "Secret Meeting" - 3:44
2. "Karen" - 3:59
3. "Lit Up" - 2:55
4. "Looking for Astronauts" - 3:23
5. "Daughters of the SoHo Riots" - 3:59
6. "Baby, We'll Be Fine" - 3:21
7. "Friend of Mine" - 3:25
8. "Val Jester" - 3:00
9. "All the Wine" - 3:15
10. "Abel" - 3:37
11. "The Geese of Beverly Road" - 4:57
12. "City Middle" - 4:28
13. "Mr. November" - 3:57
A vida não é nada além de decepções e decepções. Até esse começo foi decepcionante, eu pensei em começar como gênio, de alguma forma encaixando a linha "imensurabilidade do meu mastro" pra ficar engraçadinho. A única coisa engraçada é que eu consegui fazer isso, ali, no finalzinho. O ponto é que todos já tivemos aquela garota que volta e meia aparece na nossa cabeça pra nos perturbar. Todos já tivemos um fracasso monstruoso, ou passamos vergonha, ou falamos uma merda colossal. Deus, alguns de nós até já deram o rabo, e outros ainda fizeram disso um esporte! É da natureza humana sofrer alguma humilhação, e ninguém passa a vida sem essa porra. Algumas dessas doem pra caralho, e deixam marcas que viram inspiração pra péssimas peças de teatro, entre outras coisas. Pode existir algo mais trivial do que 90% das peças de teatro, mas eu honestamente desconheço. Decepção, né?
Cantar sobre isso é foda. Tem que achar o ponto perfeito, o limite de onde é legal e onde é piegas. Uma das bandas que melhor fazem isso atualmente é o The National. Não vá esperando nada radical, nem nada muito diferente. O National é simplesmente uma banda de indie rock, lembrando um pouco até um R.E.M heterossexual. Algo do tipo. Uma vez vi uma comparação das guitarras dos irmãos Aaron e Bryce Dessner com a guitarra do The Edge no U2. Puta injustiça, o The Edge não toca merda nenhuma enquanto os Dessner fazem boas bases. As guitarras do National são estranhas, são um pouco dissonantes e ficam quase sempre no fundo. Bem tocadas, mesmo que não chamem atenção. A cozinha é razoável, feita pelos também irmãos Scott e Bryan Devendorf. Pessoal de Cincinnati, cidade de origem da banda, parece amar os irmãos. Não consigo entender. Faltou o outro membro da banda, mas eu preciso de um parágrafo pra falar do Matt Berninger.
Isso soou meio gay, mas segure sua respiração, eu não vou dizer que ele é bonitão! Na verdade, Matt Berninger é o centro da banda. Instrumentalmente, eles são divertidos. Mas com o vocal e as letras do Berninger fazem a banda ser da elite. Ele canta num barítono tenso, que se encaixa perfeitamente com a música. E as letras combinadas com essa entrega criam um efeito diferenciado. O rapaz canta da mesma low life que fez a carreira de Tom Waits, e ele parece que lembra de algo que muitos não lembram hoje em dia: Tristeza não é um troço expansivo, é uma coisa interior. Se você berra pra tudo quanto é lado, não tem efeito nenhum. Tristeza de verdade é sentir uma desesperança fudida, acordar as 3 da tarde sem absolutamente nada pra fazer, se jogar no sofá da sala e, ainda de pijama, acender um beque enquanto tudo fica voltando pra você. Por que aconteceu? Mais do que isso é coisa de viado. Ficar triste tem uma elegância, um fervor, um élan muito característico. E a galera parece não entender isso, e volta e meia aparece uma letra medonha com metáforas merdas pra caralho. Mas não vale nem a pena falar dessa merda.
Então, unindo todos os pontos dessa resenha, o que eu quero dizer é que o Matt Berninger sabe cantar sobre essas decepções. As músicas do National são desesperadas, tristes, decadentes. E são essas decepções que ganham trilha sonora. Seja perder aquela garota ("Val Jester"), ter dificuldades pra conseguir aquela outra ("Karen"), perder um amigo ("Friend Of Mine"), se distanciar num relacionamento ("Secret Meeting"), não aguentar as pressões de estar num ponto importante de uma carreira ("Mr. November"), perder o controle da situação ("Abel"), simplesmente ficar doidão ("Lit Up") ou, minha favorita, ficar arrependido e sem nenhuma expectativa, e então se refugiar na bebida ("Baby, We'll be Fine"). As músicas formam uma bola de neve emocional, e parece que um acontecimento desencadeia toda uma putaria na vida do nosso querido cantor. Bom o suficiente pra mim, já que ele tem o feeling pra cantar isso. Esse feeling quase não existe mais, mas o rapaz tem! Foda, né? Ah, sei lá, eu acho.
Alligator não é um disco que vai mudar porra nenhuma. É até meio derivativo em alguns pontos. Não é a obra-prima absoluta que os viadinhos indie pintam ser. Mas é um disco inspirado pra cacete, com alguns grandes momentos e que acrescenta bastante à cena. O quinteto faz um som interessante, mas o foco é realmente no seu vocalista. Se você gostar da voz dele, beleza. Se não gostar, tente outra banda. É simples assim. Eu gosto, e acho que todo mundo deveria dar uma chance. Alligator é um disco triste sem ser brega, e hoje em dia esses são raros.