1 - Terrapin
2 - No Good Trying
3 - Love You
4 - No Man's Land
5 - Dark Globe
6 - Here I Go
7 - Octopus
8 - Golden Hair
9 - Long Gone
10 - She Took A Long Cold Look
11 - Feel
12 - If It's In You
13 - Late Night
Syd Barrett - guitarra, violão e vocais
Mike Ratledge - teclado
Vic Seywell - instrumentos de sopro
John Wilson - bateria
David Gilmour - baixo e guitarra
Hugh Hopper - baixo
Roger Waters - baixo
Robert Wyatt - bateria
Syd Barrett não precisou de muitos discos para entrar no seleto grupo de rockeiros considerados gênios da música: na verdade, se tivesse lançado só o “Piper at the Gates of Dawn” – primeiro disco do Pink Floyd e único em que ele participou integralmente – com certeza já teria sido digno desse “título”. Mas eis que, com a ajuda de alguns membros do Soft Machine, Humble Pie e do próprio Pink Floyd, resolve pegar composições antigas, juntar com algumas novas e lançar seu primeiro disco solo, esse “The Madcap Laughs”.
Apesar das músicas aparentemente simples, em se tratando de arranjos e virtuoses instrumentais, esse foi um disco dificílimo de ser gravado, devido à cada vez mais acentuada esquizofrenia de Syd, que somada ao uso exagerado de ácido o tornavam cada vez mais uma pessoa distante de tudo e de todos, como se mesmo cercado de tantos músicos, ele estivesse gravando o disco sozinho. Pode-se imaginar a dificuldade dos outros músicos no estúdio em acompanhar as mudanças constantes de ritmo e tempo das composições de Syd. Talvez se os produtores não se preocupassem tanto em enfileirar várias músicas psicodélicas, cada uma com seu começo, meio e fim, o resultado final teria sido uma colagem sonora que teria muito mais a cara de Syd, mas sempre existe a preocupação com o mercado, mesmo que pra isso a personalidade original de uma obra acaba se diluindo.
Mas o resultado final foi sem dúvida espetacular. A capacidade de fazer músicas estranhas, mas ao mesmo tempo de fácil assimilação, é um talento muito pessoal de Syd Barrett. Não temos aqui muito que lembre a destruição sonora de uma “Interstellar Overdrive”, por exemplo,. O clima que permeia o álbum é de um minimalismo sutil e emocionante, faz o ouvinte se sentir sentado do lado de Syd no pátio da sua casa. O seu vocal é por vezes exausto, outras vezes empolgado, mas quase sempre esquisito; e as melodias nem podem ser classificadas como pop, ou rock, ou que for: são psicodélicas, simplesmente. E além de um extraordinário compositor, ele também era um excepcional letrista. O romantismo é o assunto quase predominante, porém nunca caindo no lugar comum; não há aqui frases surradas ou óbvias: Syd se deslumbra com a felicidade do amor correspondido e se emociona com a tristeza do amor perdido como um poeta que sentiu na pele essas emoções, mas na verdade ele era apenas uma pessoa sensível que sabia expressar bem as maluquices que passavam na sua cabeça, mas parece que cada vez mais ele foi perdendo o interesse em fazê-lo...
Quatro anos depois outro disco foi lançado, mas esse é sem dúvida seu melhor trabalho solo, um registro eterno deste que foi um dos artistas mais revolucionários e carismáticos que o rock já viu, e que nos deixou no dia 7 de julho de 2006, depois de passar anos recluso da sociedade apenas cuidando de suas plantas; mas a influência de sua curtíssima carreira artística continua até hoje sendo referência para qualquer pessoa que queira levar um estilo de vida paralelo à mesmice e caretice, e provando como é possível ser genial apenas abrindo as portas da mente e deixando os pensamentos fluírem sem restrições. SHINE ON YOU CRAZY DIAMOND!!!